quarta-feira, abril 22

G1: Sensores x Sentidos - Bicicleta para Deficientes Visuais

A proposta da disciplina é a expansão dos sentidos através da tecnologia. Decidi realizar a G1 trabalhando a aula de sensores e como os mesmos podem ser utilizados a fim de expandir os sentidos. O projeto que escolhi aborda, especificamente, a falta de um dos sentidos: a visão. Assim, quero abrir a discussão de como os sensores podem auxiliar e até suprir a falta de um sentido, talvez até através do uso de outros sentidos.

A bicicleta para cegos não é uma ideia original dos estudantes brasileiros como mostrarei a seguir, já que existem alguns projetos pelo mundo que estão trabalhando o mesmo objetivo, contudo, o formato que o trabalho foi desenvolvido é único, por isso recebeu o destaque maior na minha crítica, assim, estarei debatendo sobre o futuro deste projeto especifico, citando outros apenas como similares para algum tipo de exemplificação.




Notícia: Estudantes do Maranhão criam bicicleta para cegos

Estudantes de Engenharia e Controle de Automação de uma universidade de São Luís (MA) desenvolveram uma bicicleta equipada com sensores e que pode ser utilizada por cegos. O objetivo é dar independência à pessoa com deficiência, que hoje depende de um “vidente” pedalando em conjunto em uma bicicleta dupla, como uma tandem por exemplo.

Na primeira fase, o projeto foi utilizado pelos inventores, que pedalaram com os olhos vendados. Na segunda fase, pessoas cegas já começaram a fazer testes. Uma placa de programação recebe sinais de quatro sensores instalados na bike: um no guidão, de maneira central, um no canote do selim e outros dois no garfo, um de cada lado. A cada objeto detectado à frente, a placa emite um som diferente. Os sensores conseguem perceber obstáculos em distância mínimas de dois centímetros até quatro metros.

Segundo os pesquisadores, após um período de treinamento, os ciclistas cegos estarão aptos a pedalar sem apoio e estarão mais habituados a reconhecer os alertas sonoros de obstáculos. O próximo passo é desenvolver um GPS que trabalhe junto com os sensores e oriente o ciclista com deficiência visual sobre qual direção seguir.

O sistema desenvolvido pelos pesquisadores pode ser aplicado em diferentes tipos de bicicletas e custa apenas R$ 150. O projeto está sendo desenvolvido há pouco mais de um ano e está em fase de patenteamento."

http://g1.globo.com/jornal-nacional/videos/t/edicoes/v/universitarios-de-sao-luis-ma-criam-bicicleta-para-cegos/3704612/

Esse projeto envolve uma ideia muito interessante que é possibilitar um deficiente visual a experiência de andar (ou voltar a) de bicicleta. Apesar de não ser pioneiro, confesso que achei surpreendente por se tratar de um projeto brasileiro, porém, mesmo sendo criado em solo nacional, algumas críticas já podem ser listadas com o objetivo de debater e acrescentar mais ao projeto.

 - Adaptação ao sistema

 - Requer treinamento prévio

 - Velocidade de resposta do sensor

 - Segurança do deficiente visual

 - Segurança das outras pessoas ao redor

 - Onde andar de bicicleta - falta de ciclovias


Adaptação ao sistema


Vimos que o projeto é composto, por enquanto, por seis sensores de movimento. Todos esses sensores enviam informações ao ciclistas através de sons diferenciados, o que equivalem a seis sons diferentes. Com um raio de 2 cm a quatro metros, os sensores detectam os obstáculos e os classificam com a diferenciação do som. A quantidade de informações que são enviadas a um só sentido do ciclista - no caso a audição, já que tudo é transformado em som - pode ser um problema na hora de traduzir os sinais emitidos pelos sensores. Imagine você, andando na orla da praia com sua bicicleta e seus seis sensores, sendo direcionado apenas com os sons que ele emite. A quantidade de sons que um ciclista ouviria, em uma situação real, seria assustadora, acredito que a experiência de andar de bicicleta não seria natural e nem confortável para aqueles que possuem deficiência visual. É necessário projetar um sistema que não sobrecarregue de informações apenas um sentido. A solução talvez possa ser distribuir essas informações para outros sentidos do ciclista, como o Tato ou o Olfato por exemplo.

                                     
Similares - Quirófaro

Leonardo Gontijo, oftalmologista de Belo Horizonte, criou o quirófaro, um sensor que permite que a pessoa com deficiência visual caminhe sem bengala

O aparelho oferece duas opções ao deficiente visual, que pode escolher entre a sensibilidade auditiva ou vibratória. Se optar pela primeira, quando os objetos estiverem a 1,5 metro de distância um apito será acionado. "Ou quando estiver nessa mesma distância, sentirá vibrações", explica o médico, que lembra que a invenção tem como prioridade evitar que os deficientes visuais batam a cabeça e o tronco em objetos altos. "Isso acontece muito. A bengala, permite a eles uma identificação das coisas que estão próximas ao chão. Por isso, muitos batem a cabeça em orelhão, portas de armário e tantos outros", destaca, acrescentando que se o cego também sofrer de deficiência auditiva poderá usar as vibrações para se guiar.




Requer treinamento prévio

O projeto propõe uma nova maneira de perceber o mundo, e isso é claro, requer treinamento prévio. Porém, ao chegar no mercado, parece que esse sistema será vendido a todos sem nenhuma restrição, afinal, um deficiente visual andar de bicicleta? É inovador. Mas será que existirá restrições quanto ao uso e venda do produto? O treinamento deveria ser obrigatório, e mesmo que fosse, quem iria ministrar essas aulas?


Velocidade de resposta

O tempo de resposta que o sensor e o ciclista possuem serão cruciais para o bem estar de todos, e se tratando de uma bicicleta, um tipo de veículo que sofre variações na velocidade como qualquer outro, pode exigir um tempo de resposta ainda maior, o que gera sérias questões, já que não seria possível garantir um reflexo preciso do ciclista em qualquer velocidade e qualquer ambiente. Logo, o ideal seria criar um ambiente padrão, assim o tempo de resposta manteria-se em uma média segura, onde nem o ciclista e nem os outros correriam riscos.


Segurança do deficiente visual 

Dar a possibilidade de um deficiente visual andar de bicicleta pode o deixar vulnerável a diversas situações desagradáveis que vão de quedas até problemas mecânicos com a própria bike. Como aconteceria o suporte nessas situações, já que uma pessoa, sem deficiência, pode cair e levantar-se sem perder o senso de direção. Mas e o deficiente visual? Ele estaria dependente da ajuda de outras pessoas para encontrar novamente seu caminho? O sistema GPS que os desenvolvedores estão propondo pode ajudar, mas será ele seria eficiente mesmo depois de uma queda?


Segurança dos outros ao redor


Uma questão importante a ser observada é a segurança de outras pessoas no ambiente. Obstáculos estáticos podem ser notificados e desviados facilmente, porém pessoas em movimento, andando de bicicleta, correndo, animais... pode ser mais complicado de se notificar ao usuário do que se imagina. Acredito que levar um deficiente visual para andar em ambientes muito movimentado pode ser perigoso, tanto para ele como ciclista, como para os demais.
                         


Onde andar de bicicleta - falta de ciclovias   

                           


Uma questão que afeta toda logística do projeto é a falta de ciclovias em território brasileiro. Estimativas apontam que no Rio de Janeiro, cidade que ostenta a maior extensão de ciclovias do Brasil, possui apenas 380 quilômetros reservados para ciclistas. Fator que restringe o uso da bicicleta especial apenas nessas áreas.


Similar - Projeto Ultrabike       
                         
                          


O projeto Ultrabike possui a mesma premissa da bicicleta dos brasileiros, contudo, utilizam a tecnologia de ultrasom para a deteção de obstáculos. A bicicleta especial só pode ser usada em ciclovias, não estando ainda apta a funcionar corretamente em estradas movimentadas. "O UltraBike não se aplica aos ciclistas de estrada com deficiência visual. Qualquer condutor pode assumir que o ciclista pode ver e isso é ainda muito perigoso", explica o criador do projeto. "O UltraBike foi projetado para um ambiente supervisionado e controlado e tem um grande potencial para ser usado em circuitos desportivos, ciclovias e velódromos. O próximo passo é melhorar ainda mais as características específicas desta tecnologia nesse sentido", acrescenta.


Avaliando as questões apontadas, imaginei uma restruturação do projeto dos brasileiros pensando na melhor execução do objetivo proposto, mas que ainda preservasse a essência do projeto - a autonomia do ciclista cego.


Sensores + Tecnologia Vestível.

Observando os similares, vi que seria mais apropriado, para a adaptação do ciclista cego, uma melhor distribuição das informações captadas pelos sensores que são, originalmente, instalados pela bicicleta. Porém, fazendo o uso da tecnologia vestível, seria possível distribuir essas informações pelo corpo do usuário, utilizando também o sentido do Tato. Assim, tudo que estaria sendo captado do ambiente seria enviado para o usuário através de vibrações e sons. Criando um sistema classificatório, seria possível organizar esses sinais a fim de facilitar ainda mais a percepção e entendimento do que está sendo captado pelos sensores.

                                                   


Pensando na segurança do usuário, essa tecnologia vestível seria acoplada ao próprio equipamento de segurança de ciclismo, obrigando o usuário, de certa forma, a estar mais protegido, prevenindo possíveis acidentes.
                                                  
Além disso, a tecnologia de localização que seria realizada por GPS estaria instalada na bicicleta e no capacete do usuário, ambos sendo conectados, assim, caso o ciclista se afastasse bruscamente da sua bicicleta, o ciclista poderia solicitar a localização da mesma e ser orientado, através do som, a encontrá-la novamente.


Piloto automático
Ainda na questão de GPS, se o projeto for disponibilizado para qualquer pessoa sem um treinamento prévio obrigatório, acredito que a bicicleta deveria possuir um piloto automático. Esse modo funcionaria da seguinte forma: O ciclista define sua rota ao capacete, esse enviaria a programação automaticamente a bicicleta pois o mesmo esta sincronização com o veículo, em seguida, a bicicleta teria seu guidão (incluindo o freio, em caso de acidentes) redefinido a ir para aquele destino. Assim, a autonomia do ciclista não seria completamente perdida, pois o piloto automático estaria dando assistência em qual direção seguir, mas o controle da velocidade, ou seja, o pedalar, ainda seria do ciclista.

                                               


Postos específicos 

Com a falta de ciclovias no território brasileiro, pensei que esse projeto, inicialmente, pudesse ser disponibilizado apenas em espaços apropriados. Um mapeamento seria feito das ciclovias em boas condições e capazes de receber ciclistas cegos e lá seriam instalados postos para o aluguel das bicicletas. Uma pequena taxa seria cobrada para o ciclista que poderia se deslocar de um posto a outro na área demarcada nas ciclovias, ou seja, a bicicleta ainda não poderia ser utilizada como um transporte para qualquer lugar, mas nas áreas que os postos estariam instalados, o ciclista teria segurança para andar de um ponto a outro.



Notícia original da bicicleta:
http://g1.globo.com/jornal-nacional/videos/t/edicoes/v/universitarios-de-sao-luis-ma-criam-bicicleta-para-cegos/3704612/
http://vadebike.org/2014/11/bicicleta-adaptada-para-cegos-sensores-maranhao/

Fonte de similares:
http://www.saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=26331 http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u601024.shtml
http://boasnoticias.pt/noticias_Equipamento-com-ultrassom-ajuda-invisuais-a-pedalarem_17620.html?page=0
http://www.pseudonerds.com/2013/09/bike-para-ciclistas-cegos-e-revelada.html#.VTVeMiFViko

Um comentário:

  1. Olá, tudo bem?

    Meu filho Iago de 10 anos possui deficiência visual, adoraria dar autonomia a ele para pedalar, já existe novidades a respeito destes projetos? quando serão comercializados?
    Achei suas observações muito válidas, será que os projetistas acataram como sugestão de desenvolvimento?

    Muito obrigado e forte abraço.
    Adenilson

    ResponderExcluir